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sábado, 9 de julho de 2011

Síndrome da Pressa - Você já conhece os efeitos?


Um ambiente de trabalho desequilibrado é muito propício para que os colaboradores desenvolvam a Síndrome da Pressa. Saiba por que. 

Você assume muitos compromissos ao mesmo tempo com frequência? Sente-se culpado quando não está produzindo algo? Costuma interromper a fala de outras pessoas? É impaciente? Faz as refeições correndo ou tem o sono agitado? Está sempre em estado de alerta? Reserva tempo para o lazer e tem contato com a natureza? Aproveita a companhia da família sem pressa e sem estresse?Se respondeu “sim” às primeiras perguntas, talvez você precise pensar mais na sua qualidade de vida. 

Freud, no início do século XX, descreveu os sintomas da neurose da ansiedade, denominada hoje pela Associação Brasileira de Psiquiatria como transtorno da ansiedade generalizada. Conhecida entre os gestores de RH como síndrome da pressa, geralmente é identificada em pessoas que vivem sob pressão, assumem muitos compromissos, têm muitas tarefas e querem resolver tudo o mais rápido possível. 

Não deve ser tão difícil pensar em alguém assim num mundo controlado pelo tempo, pelas metas e pelos resultados. Um ambiente de trabalho desequilibrado é muito propício para que os colaboradores desenvolvam o distúrbio.

Essa correria toda, se for constante e não apenas em situações esporádicas, pontuais, é extremamente prejudicial à saúde física e mental. O estresse que este comportamento gera é muito grande. Os médicos alertam para o risco de infarto, surgimento de úlceras e gastrites, depressão, além de interferir negativamente nas relações sociais e afetivas. Funcionário doente é sinônimo de produção comprometida.

Quando o trabalho é cercado pela pressão ao cumprimento de metas, mais produção e a cobrança pela superação dos limites, alguns funcionários podem corresponder num primeiro momento. Afinal, é preciso se destacar. “Até certo ponto, é positivo, mas não em demasia”, ressalta Sidney Zenobio, gestor de carreira da Gnetwork.  Não demora muito para a qualidade desse desempenho ser comprometida. “O profissional fica com dificuldade de concentração e a criatividade é afetada devido ao imediatismo na hora de resolver os problemas”, lembra Zenobio.

Segundo Christian Barbosa, diretor da Triad PS, especialista em gerenciamento do tempo e produtividade, é razoavelmente comum a inversão de valores sobre o que é urgente e o que é importante. 

Saber priorizar as tarefas e ter um planejamento consistente sobre as metas são fundamentais para um bom resultado e com isso, muitas “urgências” podem ser evitadas. Uma pesquisa realizada pela Triad PS no ano passado, com 1600 pessoas, revelou que 33% delas gastam até duas horas do expediente com ações improdutivas, como emails particulares, redes sociais, compras pela internet etc. 

Barbosa ressalta que muitas vezes uma pessoa desenvolve a síndrome da pressa “porque lá trás, está gerenciando mal o tempo dela. A pesquisa mostrou que, se a gente somar os números todos, 80% dos brasileiros enrolam de 30 minutos a três horas por dia, na média. (...) Chega no final do dia, está acabando o tempo, e a pessoa tem de fazer milhares de coisas. 

Pronto – entra no modo “pressa”, atropela todo mundo, gera urgência para todo mundo e muitas vezes tem de fazer hora extra ou trabalhar no final de semana”. Por outro lado, quem soube priorizar o que era importante e assumiu o controle do tempo, cumpriu as tarefas e terminou o expediente no horário.
 
Saber controlar essa ansiedade e desacelerar é um desafio para o bem da saúde. Muitas vezes, o portador do transtorno da ansiedade generalizada não tem noção do comportamento nocivo. Segundo Sidney Zenobio, da Gnetwork, “quem não sabe lidar direito com o tempo sofre mais”. 

Mudar este comportamento não é fácil e requer muita determinação, como acontece com quem quer emagrecer ou parar de fumar. 

De acordo com Christian Barbosa, já existem sistemas para facilitar o gerenciamento do tempo, como uma planilha Excel, ou programas desenvolvidos por consultorias. Mas basta um caderno para anotações. 

Mesmo assim, 70% das pessoas que começam um processo de reorganização do tempo desistem em três semanas. “É muito comum as pessoas que estão com a síndrome falar que se tiver um sistema, uma planilha para colocar tudo que tem de fazer, vai gastar mais tempo do que se fizesse direto. Mas é o contrário – o planejamento te ajuda a ter mais tempo para fazer o que você quer de verdade”, afirma Barbosa.

Não existe uma receita pronta para resolver este problema. “Cada um tem que se analisar e ver o que está errado, se há algo em excesso ou faltando para alcançar o equilíbrio”, recomenda Zenobio.

“A gente tem de parar para entender o seguinte: o problema não é que as pessoas não têm tempo. Elas têm tempo de sobra, mas usam muito mal. Então, fazer a gestão e aprender a gerenciar esse tempo nunca foi tão urgente”, salienta Barbosa.
Portal HSM
01/07/2011

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